Forjães
O atual Centro Cultural de Forjães está instalado nas antigas Escolas Rodrigues de Faria. Decorria o ano de 1934 quando Rodrigues de Faria, emigrante no Brasil regressado com uma imensa fortuna, inaugurou uma obra a todos os títulos assinalável: as escolas primárias da sua terra natal. Rodrigues de Faria decidiu fazer o que de melhor havia à época em termos escolares. Antes de entrar no edifício, repare que é uma sólida construção granítica, com um aspeto sério e majestoso. No interior havia seis salas de aula, uma sala de visitas, um salão de festas e um recreio interior coberto, para os dias de chuva. No exterior foram construídos um ginásio e um amplo recinto murado destinado a recreio exterior. Mas o rico emigrante não se preocupou apenas com o aspeto e com a qualidade do edifício: dotou as suas escolas com todo o material pedagógico e didático que encontrou disponível. E, ainda insatisfeito, encomendou ao Mestre Jorge Colaço painéis de azulejo para a decoração interior. Rodrigues de Faria, completada a obra, realizou uma doação, sem qualquer contrapartida, a favor do Estado Português, que passou a ser o legítimo proprietário das escolas. Nos anos de 1990 ainda era este o edifico da escola primária em Forjães, mas os sinais de degradação começavam a acentuar-se e quando a função escolar passou para a nova Escola Básica Integrada, a Câmara Municipal de Esposende decidiu remodelar o imóvel e dar-lhe nova vida. A intervenção arquitetónica foi muito cuidadosa, para não introduzir ruturas abruptas com o edificado anterior. O atual Centro Cultural, para além de acolher a Junta de Freguesia, dispõe de Biblioteca, Sala Multimédia, Auditório e Galeria/Cafetaria. No exterior, os jardins são um convite a um passeio.
Entrando no edifício e deambulando pelas suas salas, pode admirar os célebres painéis de azulejo que decoram as paredes. Estes painéis, encomendados por Rodrigues de Faria ao Mestre Jorge Colaço para a sua escola, estão na linha da tradição da azulejaria portuguesa. Os maiores, medindo mais de 3 metros de altura por quase seis de comprimento, representam cenas da história de Portugal; os mais pequenos contêm citações de personalidades, consideradas de interesse para a formação dos jovens alunos. A temática dos grandes painéis assenta nos acontecimentos da história de Portugal que eram tidos por exemplares, dignos de nota na educação das crianças. Por ordem cronológica da história de Portugal, podemos admirar:
- D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique – que representa miticamente a fundação de Portugal
- D. Nuno Álvares Pereira na Batalha de Aljubarrota – que representa o ímpeto de Nação independente face a Leão e Castela
- O Infante D. Henrique na tomada de Ceuta – que representa o início da “Idade de Ouro” portuguesa, com a expansão territorial e marítima
- O Adamastor – que representa a vitória portuguesa contra os perigos do Mar Oceano e a passagem para o Oriente
- A visita de Vasco da Gama ao Samorim de Calecute – que representa o início das relações portuguesas com o Oriente
- O descobrimento do Brasil – que representa outra e importante face da expansão Portuguesa
- Pedro Álvares Cabral em 1500 – que representa outro dos heróis nacionais, descobridor do Brasil
- Afonso de Albuquerque em Ormuz – que representa a forte, ainda que efémera, presença portuguesa no Oriente,
Nos pequenos painéis surgem citações de Bossuet, Tomás Ribeiro, Alexandre Herculano, Oliveira Salazar e Sidónio Pais.
No local onde hoje se ergue a Igreja Paroquial deverá ter existido um templo alto-medieval, uma vez que foi possível datar uma sepultura achada no local do século X ou XI. Mas o edifício atual é bem mais recente, do século XVIII. No exterior do adro existe um monumental escadório representando as nove Irmãs de Santa Marinha, mandado construir nos anos 70 do séc. XX pelo padre Joaquim Campo Lima.
As esteiras de junco de Forjães, cuja origem permanece ainda uma incógnita, são o testemunho de uma confeção artesanal que chegou até nós por legado familiar de gerações que deixaram este testemunho de pais para filhos. Da oficina do artesão saem “carpetes” (grandes tapetes), passadeiras e cestas que são utilizadas na região do Minho e um pouco por todo o Portugal para transporte acondicionado de inúmeros artigos. Outrora, dado o seu baixo custo, eram estas cestas largamente utilizadas pelas mulheres dos lavradores que levavam o farnel para os homens que trabalhavam nas lides agrícolas, por todos aqueles que se deslocavam à feira com o intuito de vender ou adquirir produtos e, mais recentemente, por algumas pessoas que, em tempo de Verão, nelas transportam a toalha, o bronzeador e algumas revistas e jornais para a praia.
Na freguesia existem ainda o setecentista Solar de Pregais e a imponente Quinta de Curvos, onde se destacam os grandiosos jardins bordados a arvoredo nacional e exótico, nos arruamentos e espaços de lazer, nos pequenos recantos compostos por lagos e grutas, nos canteiros e estufas dotadas com os mais diversos tipos de flores.